A componente visual para Gaspard Augé e Xavier de Rosnay é a grande responsável pelo mito que já são por esse mundo fora – a grande cruz branca em fundo preto é tão medieval e austera como a imagem que querem transmitir. Para quem nunca os viu e sabe apenas que se apresentam sob o nome Justice e fazem música cristã, ficará surpreendido com o par de fracas figuras que se lhes apresenta da quantidade de cigarros que fumam. São tão simples como um par de fracas figuras que da cintura para cima usam bomber de pele e t-shirt à rocker, e da cintura para baixo ténis Nike retro e calças um bocadinho baggy. Estão tão baralhados como todos nós, ou não fosse isto a pós pós-modernidade.
Claro como água, porque "Waters of Nazareth" é um disco (EP) para ouvidos duros: insere-se no contexto electro, transpira qualquer coisa de hard techno e tem a consistência que um álbum rock ou pop deve ter.
O baixo com distorção extra é o seu maior predicado. No entanto, é uma linha de baixo programada ao milímetro para dar o groove certo aos apontamentos trash, que são uma constante a não menosprezar no contexto de cada tema, cuja evolução é notável. Há em Justice um equilíbrio de canção Pop latente, que só é possível porque a têm bem fresca.
"Waters of Nazareth" pode não ser um EP extremamente variado, porque não o é, mas é sem dúvida uma jogada gorda e certa da Ed Banger, ou não fosse Busy P. um autêntico maná no campo das apostas dançáveis. Presume-se que o álbum propriamente dito saia em Abril deste ano.
Descarta-se por completo a hipótese de Justice serem um produto, e a comprová-lo está o set com que se apresentaram na sala 1 do Apolo, em Barcelona, no passado Sábado, dia 13 de Janeiro.
O set foi tão duro como "Waters of Nazareth". Começou à hora marcada, porém com alguns problemas de som: as colunas falharam um par de vezes e até se acertar definitivamente com a resolução do problema, esteve tudo a falhar.
Descarta-se por completo a hipótese de Justice serem um produto, e a comprová-lo está o set com que se apresentaram na sala 1 do Apolo, em Barcelona, no passado Sábado, dia 13 de Janeiro.
O set foi tão duro como "Waters of Nazareth". Começou à hora marcada, porém com alguns problemas de som: as colunas falharam um par de vezes e até se acertar definitivamente com a resolução do problema, esteve tudo a falhar.
Percalços passados, entrou tudo nos eixos para um set dividido entre Justice e Busy P. que demoraria quase quatro horas. Provavelmente devido às políticas da sala Apolo – que fecha estupidamente cedo para uma discoteca – decidiram compartir os pratos em género de dj battle[2].
Busy P. é o patrono da EdBanger, editora que fundou há um par de anos en em França. É também conhecido por ter sido o astuto manager dos Daft Punk[3]; e depois de sábado também é certamente conhecido por ser uma autêntica simpatia. Ao contrário do que acontece na maioria das discotecas, a cabine do DJ no Apolo é uma mesa muito modesta, montada num plateau de teatro, o que deixa tudo a descoberto – podemos ver se passam vinil, CD ou se abrem só o Macintosh, os controladores, os headphones e a marca de cigarros – e potencia o contacto. Muitas foram as moças agraciadas com os beijinhos na face, restos de cerveja, garrafas de champanhe e demais brochuras com que o atarefado Pedro as congratulou.
O set incluiu tudo a que da França se tem direito: Justice (claro!), Kavinsky, Surkin, Sebastian, Daft Punk, Ethienne de Crécy sob a forma de Super Discount, o remix que o DJ Funk fez do Let There Be Light, Incluiu também My Love feat. T.I. de um Justin cheio de pitch, o clássico Pump Up the Jam, de Technotronic e o Thunder de AC/DC. Tudo acompanhado por um VJ que se esforçou por estar à altura do acontecimento – desde amigos a dançar, a excertos do vídeo do Can’t Touch This[4], passando por recortes do Código Civil em catalão, houve espaço para tudo.
Incorrigíveis a nível técnico. A evolução do set foi bastante equilibrada apesar de, para os amantes do electro puro e duro, as coisas se terem complicado na parte do hard techno, a qual na verdade não durou mais de meia hora, se tanto.
Abriram e tentaram fechar com "Waters Of Nazareth", o que em vez de acalmar os ânimos, pôs toda a gente ainda mais histérica. Gente isto é… o pessoal da Escola Secundária, porque não há em Espanha assim tantos rapazes sem vestígios de barba na cara… Embora a alta concentração de estrangeiros seja evidente, os espanhóis são machos latinos e costumam ter a cara cinzenta… A histeria alcoólica colectiva proporcionou um número quase recorde de encores, (onde se pôde receber[5] a nova música) que só terminaram quando um dos Apolos fechou a tampa ao laptop.
Terminou tudo com inexplicáveis cânticos de louvor ao Barça, que nessa noite até perdeu com o Valência. O chão da sala estava preparado para um número de faquir, tal era o mar de copos partidos, e a tela de projecção de vídeo já só ostentava a marca do projector.
E assim se acabou o set, de que a maioria dos presentes nem se vai lembrar muito bem. Só sabe, certamente, que Domingo acordou com uma enorme dor no pescoço.
A isso chama-se Ed Banger. Ou não falasse Busy P de Heavy Metal como a principal influência antes de se virar para a electrónica.
Joana Barrios
Foto 1 – capa do EP "Waters of Nazareth"; Foto 2 – Busy P; Foto 3 – Justice;
[1] Justice vs. Simian, com um refrão tão amigo de se colar ao ouvido como:
“ Because we are your friends,
You’ll never be alone again,
So come on, So come on, So come on”
[2] Batalha entre DJ’s, cada um põe uma ou umas músicas, e os outros têm de seguir, tocar, tentar emparelhar, entrar no tempo certo e acima de tudo seguir a linha.
[3] Ele é o responsável pela carestia dos concertos de Daft Punk, que conhece desde 1995. Manipulou o mercado leiloando cada concerto, aumentando com isso o preço das contratações.
[4] MC Hammer.
[5] Depois de terem experimentado a agulha, dois maxis do novo single Phatom pt1 foram lançados ao público.
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